UMA MUDA DE CORPO



corpo é o seguinte: verbo feito cárcere, carne feita verso, inquilino do caos, bolso furado, capilar duniverso. imediata alfândega adega do desejo. luvas sentindo o lençol freático. campo minado, munido, mônada de nada. terrorista da culpa, cápsula ingerida, consciência de chumbo, jarro cheio de rosas para ratos. pára-raio, pulso pusilânime, matança do inocente, espermatozóide que fica pelo caminho, espermatozóide que chega a lugar algum lugar. sentido conseguido com o suor do rosto, cajado, báculo, dedo indicador, crimes do mindinho. coração imediatamente cheio de fome, calculadora-dos-anjos-que-não-sabem-calcular-homens. naipe ignorado, cartas afogadas na manga, armadilha na listra da zebra, dose de céu, dossel onde se deita o dilema, casa de aluguel, o anfitrião traído. infiltramento, mofo, caspa, planetas de amor feitos de cabelo embaraçado, caixões enviados às mães da galáxia, overdose de dúvida, lápis nu. cauda que encabeça os movimentos puritanos do devedor do desejo. eco, pira onde se queimam as palavras, raiz peluda do diafragma, o pântano sibilante do quase-olhar. latitude-longitude do colo. colo-atitude. seringa lançada no espaço, coleção de gases nobres, bem-aventurado aquele que é de giz. caim e abel siamesas. asterisco. abóbada. rodapé. micose. sentimentos cozidos, sopa de pedras, terra à vista do desespero, isto é da falta de espera, de propina, não pessoa mas propina de uma verdade. seu sorriso. Ave Queloide. bastarda do sol. bem-aventurada a abomiNação que és. avalanche da pineal. pássaro de rapina corcunda e ambicanhestro. compilação barata, evento sem fins lucrativos, buraco só do vento. tubo de ensaio. cuidado ó frágil. vaso comunicante. objeto desidentificado cheio de graça, o Senhor nada é com vossas moscas. fórmula do meio-fio entre mundos. caco de espelho no sexo de Deus. aqui-jaz. a letra maiúscula. máscula. mascada, súbita jazida de esmeralda. aqui-jazz. feijão, fé, fezes. santuário do risível, genealogia do ridículo, da sua supersuperstição. dos seus encontros consonantais. seus nós estratégicos. seu utensílio inventado. uma amarração minguante, templo da incógnita, rolo compressor do querer, um manjar feito só de reviravoltas. porta do abismo que range, estalactite e tilt, sal nas costas do sapo, sal na respiração da lesma, sangue no asfalto, sangue no trejeito, sangue na lâmpada fluorescente. certidão de óbito do óbvio, o ralo do Senhor. dragão bidimensional, bípede galopado pelo horizonte, choque térmico das mestras. o reino da coceira. o reino da cãibra. o igarapé virgem. o pente. a presilha. flecha escrevendo uma carta de amor ao ar. tambor. berimbau. suco de saquinho. roupa encolhida da alma. timidez com armas. timidez em caixa-alta, timidez úmida. pega na umidade. pega. escambo. lar das reticências. respirações confundidas com pausas. o sumiço do ar. traça. disse-me-disse dos átomos. apelo, prumo, dianteira das evasivas. capa cálida, cúspide, crisálida cremada. papel de parede de canduras de efemérides num tal cristal do presente. bacante sem apoios, tigela cheia de doce do atrapalhado. rouco o corpo, Ave Queloide. CAPREOLUS POLYCOROS. procurado pela lei. aquele que tateia o manto da invisibilidade. sósia do abstrato, gangrena do concreto. o que atravessa o poro. livro de receitas ilegível, orbe de plástico-bolha, vareta pontiaguda, fermento nas lágrimas, aquele que procura o manto para ser focado. aquele que dista mesmo depois de ter detonado uma de suas torres de marfim. aquele que disca o número do seu cabelo, que cospe fundo no poço, a solidão do bom-samaritano. facção, gueto da mudez. gíria, roda da fortuna, lama especulada. raiz quadrada em chamas. salto mortal da jugular, cristo sem medo de sentar, água pura daquele poço e o cuspe da samaritana antes de beber da água ofuscante do cristo. do carrapicho silvestre. véu na penugem selvagem. o esgar de sísifo. dogma, torcicolo, arranjo na cesta de frutas. toca, clarabóia, achados e perdidos, o foragido da burocracia. o exilado do feminino, DE NOVO EM GUIRLANDAS. guirlandas em remendos, canção em fase fetal, drones que não sobrevoam, drones que voam dentro, cera, ?será resina feita das orações que não passaram das nuvens. aquilo que se escuta. enumeração drástica = enxurrada = alforria. aquilo que se esculpe. capotamento mágico = jogatina. abundância de assimetria. corpo zíper bípede tubercular,culoso,cuzudo. candelabro lubrificadopuri, peeling, pirilambuzado duma luz pequena de um ponto pluma, plasma, cúmulu, tripas no cume. forca no fundo da xícara. cada fungada no ar livre bronzeado pela fala da corpa terrestre, tentativa duma múmia da palavra, a falha soberba, sem barba. com um bigodinho sem moral agora. em festa própria. tela. touchscreen para almas penadas. tudo por um triz. câncer na lógica. uma tecnologia para a alergia, e outra para a alegria. acasalamento das estátuas de sal, emoções fúngicas. tabula rasa de papelão, fossa das marianas, trator, guindaste, petróleo no fundo do peito. conspiração, flatulência furta-cor de heráclito comido por pitbulls, altamente inflamável. loser, stickers, pais. expectativa pelas próximas desolimpíadas. ponte de tacoma. varejeira de cristal. outsider com sinusite, você aceita se casar com Ouroboros? continuum cunnilingus, corpo aquarium. sem airbags. incapaz de omitir-se, puro híbrido, fluxa da descarga da consciência. desarvorado e digievoluído, hóspede do caos, chuva cáustica na norma, corpo de bicha bichada de luz própria. a fonte duradoura da performance de tantas fêmeas, flutuando maduras a maquete da cidade. corpa substituta da culpa desses corpos anteriormente revistados, polpa da gruta dos dorsos da mente atiçados, arraia e ferrão na água mais doce do cerrado. penumbra no vértice de ângulos privilegiados, agora reduzidos ao pé da ciborgue que nos faz sombra. transformação do ouro em corpo, ouro de seus apelidos. avatar, fake, tanto-faz-como-me-enxerga. mapa de vitiligo. lar das giras, possuída pela fluxa, corpa de terra e sonhagem, não gaiola – mas a que troca tudo pelo faro das trepadeiras, corpa quando a face passada de manteiga cai na face oculta da lua dessa corpa, DE NOVO EM GUIRLANDAS. corpo feito raro. retrato falado da linguagem. corpo ibidem bassline da natureza, arco por onde o fêmeo penetra, corpo é o bastante